A Secretaria Municipal de Educação de Ourinhos promoveu, no dia 11 de setembro, no Teatro Municipal Miguel Cury, a palestra que iniciou o IV Seminário de Práticas da Educação Infantil, intitulada “Abuso e Exploração Sexual Infantil: o que a escola tem a ver com isso?”, proferida pela Profª Mestre Suédina Brizola Rafal Rogato.

O objetivo do evento foi trabalhar a formação continuada destinada aos professores da Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Ourinhos. Diante de tantos medos, tabus e preconceitos, o tema sexualidade é uma tarefa complexa, que pressupõe um processo longo e cuidadoso para que não “queime etapas” e não cause constrangimentos futuros, pois muitas vezes a escola não está preparada para oferecer esse tipo de informação.

O tema proposto tem como função a abordagem com eficácia junto aos alunos em sala de aula sabendo respeitar os valores que suas famílias lhes transmitem. Considerando assim cada indivíduo e sua singularidade, ajudando-os a compreender melhor seus comportamentos e os de seu próximo, aprendendo a elaborar os seus próprios valores para tomarem decisões mais acertadas e responsáveis em sua vida sexual.

“Oferecemos às meninas maquiagens, sapatos com saltos destinados ao público infantil, e aos meninos já os levamos para o imaginário sexual, aceitando e incentivando suas atitudes como afirmação de homem. O que estamos fazendo com nossas crianças? Estamos adolescendo, adultizando nossas crianças! Os adultos não estão permitindo às crianças o direito de brincar, o direito de serem ingênuas.”, afirmou a Profª Ms. Suédina.

Completou ainda que a indisciplina escolar nada mais é que uma representação da realidade vivida pelas crianças, ou seja, a falta de brincar. Estas vão à escola para brincar e, se não estão acostumadas com regras, gera a indisciplina. Os pais mudaram a forma de educar os filhos, querendo suprir a sua infância, oferecendo ao filho tudo o que não teve. Para ter um adulto íntegro, é preciso primeiro saber o que se espera daquela criança, é preciso saber que tipo de adulto os pais querem formar. 

Para a Profª Suédina, as músicas tocadas nas escolas devem trabalhar a imaginação e a capacidade da criança em ter esperança. A escola deve oferecer o diferencial, a oportunidade de ser tratada como criança, sem apelo sexual. Devem ser oferecidas músicas que agregam valores, sem a erotização. A mídia, o consumismo já são fortes aliados desta sexualização precoce, cabendo à escola a função de filtrar todos estes indícios.

O evento foi de grande valia, sendo o tema um assunto social tão preocupante. À escola, a Profª Suédina deixou uma proposta de trabalho: a discussão sobre essa erotização com os pais em reuniões escolares.