PARA FALAR SOBRE MEMÓRIA E LITERATURA, MICHEL LAUB E LUIZ RUFFATO

da reportagem 23/08/2012 - 16:36:12 Cidade

“O lugar da memória na literatura” é o tema da conversa entre dois autores que possuem obras onde as lembranças são destaque: Luiz Ruffato e Michel Laub. O encontro acontece no dia 24, no PUB, mediado por Marco Aurélio Gomes e Neusa Fleury Moraes.

A memória pode ser poderosa aliada da arte da escrita. Luiz Ruffato, além de escritor premiado ( Prêmios APCA, Machado de Assis por Eles eram muitos cavalos, Mamma, son tanto felice e O mundo inimigo, Prêmio Jabuti por Vista parcial da noite e finalista dos prêmios Portugal Telecom, Zaffari-Bourbum e São Paulo de Literatura) coordena oficinas de escrita voltadas também para o público idoso. Ali as pessoas são estimuladas a recordar histórias de vida, estimulando lembranças que acabam virando textos escritos. Outro livro publicado pelo autor, De mim já nem se lembra, é ainda mais fiel às memórias familiares divulgando cartas escritas por um irmão de Ruffato, que morreu em acidente de trânsito. Através da leitura das correspondências do filho para a mãe, o leitor acaba conhecendo as dificuldades de adaptação de um jovem do interior de Minas morando na cidade grande, as relações morais e afetivas de uma família de operários, tendo como pano de fundo a cidade de São Paulo na década de 70, época da ditadura militar e cenário de grandes transformações sociais.

O gaúcho Michel Laub já foi editor da Revista Bravo, e coordenou publicações do Instituto Moreira Sales. Publicou cinco romances: Música anterior, Longe da água, O segundo tempo, O gato diz adeus e Diário da queda, que teve os direitos vendidos para o cinema. Recebeu os prêmios Bravo/Bradesco e foi finalista dos prêmios Jabuti e Portugal Telecom. Na FLIP deste ano a revista de literatura Granta incluiu o nome de Michel Laub como um dos 20 melhores jovens autores brasileiros. A revista, de língua inglesa, é uma das mais respeitadas do mundo e no Brasil é publicada pelo selo Alfaguara..
Neto de judeus, Laub conta das dificuldades de convivência entre culturas diferentes e preconceitos em “O diário da queda”, lançado em 2011. As dificuldades de comunicação em família também se revelam em seu texto envolvente e atual.

ILAN BREMAN CONVERSA SOBRE A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA FORMAÇÃO DO LEITOR

Ilan Breman participa do A(o)Gosto das Letras conversando com o público sobre um tema que interessa a todos: “Formando leitores dentro de casa”. O encontro acontece no sábado, dia 25, às 10h na Biblioteca Pública “Tristão de Athayde”, com entrada franca.
Ilan é mestre e doutor em educação pela USP, e autor premiado de literatura infantil e juvenil. Publicou mais de 50 livros no Brasil, Europa e Ásia. Seus trabalhos acadêmicos sempre defendem uma literatura infantil e juvenil livre da ideologia do “politicamente correto” e com respeito à inteligência e a sensibilidade da criança e do jovem leitor.
Atualmente Ilan compartilha suas reflexões sobre educação, cultura e outros vários assuntos em sua coluna mensal na Revista Crescer (leia texto na página 2)
O Balaio entrevistou o escritor e contador de histórias com exclusividade:
1 – O tema do encontro em Ourinhos é a formação de leitores dentro de casa. Qual é o papel da família nessa empreitada?
O papel da família é total, famílias leitoras, ou que estimulem á leitura, são formadoras de crianças leitoras.

2 – De que forma pais que não são leitores podem ajudar seus filhos?
Levando-as para livrarias, bibliotecas, contando histórias inventadas, da sua infância, mostrando que contar, ouvir e ler histórias é uma das atividades mais deliciosas do mundo.

3 – Que tipo de atividades são capazes de despertar em adultos o gosto pela leitura?
Outro adulto comentando de forma apaixonada sobre um livro que acabou de ler, ou filme que remete a algum livro. Frequentar livrarias e bibliotecas podem ser uma surpreendente descoberta.

4 – Numa sociedade cada vez mais especializada, muitos leitores estão voltados somente para textos técnicos ou outras leituras rápidas. Qual a importância do texto literário para a formação de um leitor?
Sem imaginação não há aprendizagem! A ficção é o combustível da criatividade, do raciocínio e da reflexão.

5 - Apesar da constatação de que as pessoas se comunicam mais através da escrita devido às rede sociais e e-mails, o que se verifica é que a leitura de textos na internet muitas vezes não incentiva a concentração necessária para a compreensão de textos literários. Você concorda com isso? A internet acaba sendo um problema na formação de jovens leitores?
Sim, concordo. A internet tem como premissa a superficialidade, ela não quer pessoas concentradas, focadas, ela vive dos nossos pulos de link à link, ela ganha dinheiro com esse nosso comportamento “macacal”, assim pulando de galho em galho, não conseguimos enxergar a árvore toda, suas raízes, sua história. O livro de papel faz com que mergulhemos na ficção de uma forma mais inteira, sem agitação externa, com menos distrações e , principalmente, num silêncio que abre espaços para ouvirmos nossos próprios pensamentos.

6 – Como é o projeto “Degustação de histórias”, que você desenvolve? Como é essa união entre gastronomia e literatura?
É um projeto que se propõe alimentar à alma e o corpo dos participantes. Uma de chef cozinha pratos de uma temática que seleciono (ex. Índia) , eu conto histórias indianas e ela faz os pratos desse país.

Contação de Histórias com Gabriel Levy e Regina Machado no encerramento do 4º Aogosto das Letras

Dia 26, domingo, às 16h, o espetáculo No meio do caminho tinha um conto. No meio do conto tinha um caminho, com Regina Machado e Gabriel Levy, encerra a programação 2012 do Festival Literário Aogosto das Letras.
A montagem traz narração de estórias para adultos, jovens e crianças contadas pela escritora Regina Machado e musicadas por Gabriel Levy. Os contos selecionados falam de amor, desafios, humor e aventura, apresentando diferentes tipos de culturas, ritmos e estilos de narração. A apresentação tem entrada franca e vai acontecer no Teatro Municipal “Miguel Cury”.

Como parte da pesquisa sobre Arte Narrativa realizada na USP, Regina Machado narra estórias milenares das mais variadas tradições do Oriente e Ocidente.
“São contos da tradição oral com acompanhamento musical do Gabriel. O repertório é pesquisado para cada situação e os contos são escolhidos destinados a famílias, educadores, contadores de histórias e à comunidade”, explica a escritora.

Regina Machado é professora Doutora do Depto de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. É criadora e coordenadora do Encontro Internacional BOCA DO CÉU de contadores de histórias e coordenadora do Grupo Pé de Maravilha de músicos e contadores de estórias desde 2008. É criadora dos espetáculos de narração Moio de Pavio ( 2007 ) e Ninguém (2009) e autora dos livros A formiga Aurélia e outros jeitos de ver o mundo, S. Paulo, (Cia das Letrinhas),
Nasrudin (Cia das Letrinhas), O violino cigano e outros contos de mulheres sábias, (Cia das Letras) entre outros.

Gabriel José Levy é acordeonista, arranjador e compositor .Tem formação eclética voltada tanto para a música erudita como para a popular. Atua como educador musical, arranjador e regente coral, produtor e diretor musical de dezenas de cds. Recentemente tem se dedicado à musica instrumental como compositor e acordeonista, participando em diversas turnês internacionais pela América Latina, Europa e Ásia.
É integrante da Orquestra Mundana, da Orquestra Cometa Gafi (gafieira), do Trio kagurazaka (musica japonesa), da tribo Mutrib (música dos Balkans e Mediterraneo oriental) e do grupo Mawaca de músicas étnicas que pesquisa tradições musicais do mundo. Atualmente tem se apresentado com seu próprio trio ou quarteto tocando repertório tradicional ou composições inspiradas em músicas do mundo.

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