Falsos atestados médicos são vendidos no Centro de SP e usados para furar a fila da vacinação
Comercialização de atestados e declarações por até R$ 400 para pessoas que fingem ter comorbidades acontece à luz do dia. G1 negociou compra para reportagem, mas documento falso não foi usado.
Falsos atestados médicos são vendidos na cidade de São Paulo para quem tenta furar a fila da vacinação contra a Covid-19. Documentos fraudados têm sido comercializados por criminosos que atuam no Centro da capital paulista.
A emissão dos documentos falsos ocorre em meio à imunização dos grupos prioritários com comorbidades [pessoas com doenças crônicas] que foram inseridos no Plano Nacional de Imunização (PNI), definido pelo governo federal.
Para ter acesso ao documento falso basta circular pelas ruas da região para ser abordado por plaqueiros, que são os intermediários. Eles chamam os pedestres para oferecer fotos 3x4 e cópias de xerox.
Os valores para conseguir furar a fila da vacina podem chegar até R$ 400 pelo kit completo, dependendo do que foi solicitado. Para conseguir a imunização, além do atestado com a declaração da doença, também é possível apresentar um laudo médico ou receita da medicação
Investigações
Em nota, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde, disse que os dados que constam do atestado conferem com os da médica. "Ela desempenha atividade na UBS Jardim Centenário como generalista e desconhece a situação exposta. A médica fará um boletim de ocorrência. A Secretaria Municipal da Saúde também oficiará o delegado-geral da Polícia Civil para acompanhar as devidas investigações do caso."
A Secretaria Municipal da Saúde disse ainda que os profissionais das unidades de saúde da capital foram orientados para checar o documento de identificação original e conferir atentamente os dados dos munícipes para a imunização contra a Covid-19.
O Código de Ética Médica, em seu artigo 80, veda a expedição de documento médico sem ter praticado ato profissional que o justifique, que seja tendencioso ou que não corresponda à verdade. As penalidades decorrentes de infração ética vão de uma advertência confidencial em aviso reservado à cassação do exercício profissional".