Anjinho não resiste e morre após dois meses do atropelamento
Ângelo Marcos dos Santos Nogueira (40), conhecido como "Anjinho" não resistiu aos ferimentos e veio a óbito na manhã desta quarta-feira (27). Após dois meses de ter sido atropelado pelo Frei Gustavo Trindade, seguido do furto na Casa Paroquial da Matriz de São Sebastião em Santa Cruz no dia 07 de maio.
Ele estava internado na Santa Casa de Santa Cruz do Rio Pardo e apresentava sequelas como perda de massa muscular, dificuldade para comunicação, necessidade de uso de fraldas.
Ele chegou a ser hospitalizado em outras ocasiões, inclusive em Ourinhos (SP), mas teve alta médica para tratamento domiciliar. Nas últimas semanas, contudo, foi necessária uma nova internação.
No dia 17 de junho, o Ministério Público ofereceu denúncia contra o padre por tentativa de homicídio, qualificado pela "utilização de recurso que dificultou a defesa da vítima".
A qualificadora se configura, segundo o promotor Reginaldo Garcia, porque a vítima foi atingida sem que "pudesse supor ou esperar semelhante atitude", ou seja, de surpresa.
Com a morte de Ângelo, segundo o delegado Valdir de Oliveira, que investigou o caso, novas perícias devem ser realizadas para esclarecer se o óbito está diretamente relacionado com o atropelamento.
Caso isso fique comprovado, o caso pode passar a ser tratado como homicídio e não tentativa de homicídio.
A Justiça já aceitou a denúncia da promotoria, o que torna o padre réu. Entretanto, até a manhã desta quarta-feira (27) não constava no processo informação sobre citação do acusado, que passou a declarar endereço em São Paulo.
O padre Gustavo Trindade dos Santos só foi ouvido no dia 9 de junho porque não compareceu à sede do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic), na capital paulista, quando foi intimado pela primeira vez. Quatro dias depois, ele ainda participou de uma missa.
Mesmo assim, o inquérito policial foi concluído, mas o MP solicitou a oitiva do padre para poder avaliar melhor o caso. Durante o interrogatório, o padre afirmou que havia terminado de celebrar um casamento, quando, na saída, escutou o alarme da casa paroquial e avistou um homem pulando o muro e fugindo do local
O padre disse, na oitiva, que ele e a pessoa que o acompanhava no carro chegaram a pedir para o homem parar durante a perseguição. No entanto, as imagens que flagraram o atropelamento mostram os vidros do carro fechados durante todo o trajeto.
Ainda conforme o frei, ele encontrou um caminho para fechar o homem, mas, quando ele entrou com o carro na calçada para pará-lo, o suspeito do furto na igreja se jogou sobre o capô do veículo.
Além disso, o padre afirmou, no interrogatório, que foi embora após o atropelamento porque temeu a possibilidade de o homem estar armado. Ele também disse que, ao perceber a presença de pessoas na rua onde ocorreu o acidente, pediu a elas que chamassem a polícia.
Após o atropelamento, o padre contou que foi até o convento onde morava, guardou o carro, que pertence à Diocese de Ourinhos (SP), e viajou para Ribeirão Preto (SP), onde iria aproveitar o Dia das Mães e o próprio aniversário no dia posterior.
Investigação
Durante as investigações, a polícia descobriu que o frei Gustavo, apesar de habilitado, deveria ter renovado a carteira de habilitação em fevereiro de 2020.
A defesa do padre mostrou um documento da União Europeia que o autorizava a dirigir. O aceite, do tempo em que ele morava na Espanha, no entanto, não é válido em território nacional. Por esse delito, Gustavo deve responder apenas administrativamente junto ao Detran.
O inquérito policial indiciou o padre por tentativa de homicídio qualificado. Nas duas vezes em que a polícia fez pedidos de prisão, contudo, o Ministério Público se posicionou contra e os dois pedidos de prisão preventiva contra ele foram negados pela Justiça.
Já o homem atropelado chegou a ser preso em flagrante no dia do atropelamento, mas estava sendo investigado em liberdade. Segundo o BO, ele furtou três moletons e uma camiseta.
Fonte: IBTV