Pesquisadores da USP descobrem que Covid-19 pode ser detectada em lágrima
Descoberta sinaliza a necessidade de proteção para os profissionais de saúde. De 47 pacientes analisados, o coronavírus foi detectado em 18,2% das amostras coletadas pelo cotonete e em 12,1% das obtidas por meio de tiras. Pesquisa é liderada por cientistas do campus da USP em Bauru (SP).
Uma pesquisa liderada por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) de Bauru, no interior de SP, concluiu que o vírus da Covid-19 pode ser detectado em lágrimas. A descoberta sinaliza a necessidade de proteção para os profissionais de saúde.
Conforme o Governo do Estado de São Paulo, os pesquisadores da USP fizeram os testes no Hospital das Clínicas (HC) de Bauru. Na enfermaria da unidade, pacientes internados com Covid passaram pro um novo exame com o cotonete de algodão para coleta de lágrimas.
A análise das amostras identificou a presença do coronavírus em quase 20% dos casos. O resultado indica uma alternativa ao cotonete usado no teste para detectar a presença do vírus no organismo, que causa desconforto no nariz e na garganta.
Apesar de baixo, há, conforme o professor e pesquisador da USP, Luiz Fernando Manzoni Lourençone, chance de transmissão do vírus pela lágrima.
“Tem vírus presente na superfície ocular, tanto coletado através da lágrima que é um teste mais simples que coloca uma fita de papel ou se raspar a haste de um cotonete na superfície do olho, e analisar essa amostra", comenta o professor.
De 47 pacientes analisados, o coronavírus foi detectado em 18,2% das amostras coletadas pelo cotonete e em 12,1% das obtidas por meio de tiras de um exame para avaliar se o olho produz quantidade suficiente de lágrimas, conhecido como Schirmer
O método usado na pesquisa foi o mesmo dos exames convencionais, mas, no lugar da secreção do nariz ou boca, foram investigados os fluídos oculares. Os dados foram avaliados em conjunto com o departamento de oftalmologia da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos (EUA).
O trabalho recebeu apoio da Fapesp, por meio de bolsa de iniciação científica concedida a Luís Expedito Sabage, aluno de graduação, orientando de Lourençone.
“A gente aprimorou os métodos matemáticos e de análise bioquímica, de fluídos, que ainda não eram feitas no Brasil", explica o estudante.
Entre os pacientes com diagnóstico positivo pelo teste nos olhos, metade teve casos graves da doença, o que para os pesquisadores indica uma maior chance de detectar o vírus, além de ser a certeza que a transmissão pode ser feita ao esfregar os olhos.