Conflito entre agentes federais e garimpeiros deixa ao menos dez feridos no Pará
Operação em Jacareacanga buscava combater o garimpo ilegal em terras indígenas, mas foi surpreendida por protesto. Aldeias foram incendiadas pelos manifestantes.
Dez garimpeiros e alguns indígenas ficaram feridos em um confronto com agentes de forças de segurança em Jacareacanga, sudoeste do Pará. Os feridos foram levados para o Hospital Municipal.
O confronto ocorreu durante operação Mundurukânia de combate à prática clandestina de garimpos nas terras indígenas Munduruku e Sai Cinza, localizadas no município.
A ação envolve agentes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Força Nacional.
No entanto, as forças de segurança que participavam da ação foram surpreendidas por um grupo de garimpeiros, que iniciou um protesto contra a operação de proteção das terras indígenas. Uma estrada foi interditada, impedindo o andamento da operação.
Casas em aldeias, entre elas a Fazenda Tapajós do povo Munduruku, foram atacadas a tiros e incendiadas.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), em uma das residências estava uma das principais lideranças Munduruku que se opõem ao garimpo ilegal na região. O órgão pediu à PF que enviasse forças para o local. Não há notícias de feridos pelos incêndios, segundo o MPF.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia brasileira (Coiab Amazôonia) afirmam que a presença das Forças Nacionais não inibe os garimpeiros.
"Há suspeitas de que o ataque tenha sido organizado após o vazamento, na terça (25), de um documento do Serviço de Repressão a Crimes contra Comunidades Indígenas da Polícia Federal (PF) para grileiros que atuam em sete florestas nacionais e territórios indígenas no sudoeste do Pará", afirmam as entidades.
Em nota, as entidades dizem, ainda que, "mais uma vez, vidas indígenas estão ameaçadas pelo garimpo e por garimpeiros na Amazônia. A rotina de terror se repete também na TI Yanomami, em Roraima, sob ataque intenso desde o início do mês".